sábado, 28 de janeiro de 2012

Vergílio Ferreira - O |não| Nobel...

Há exactamente 96 anos, nascia o Escritor (e não só) Vergílio Ferreira. Um verdadeiro Pensador da Vida e da Cultura, intrincada na sua matriz existencialista.

Certamente, os jovens e adultos Portugueses identificá-lo-ão pelas obras "Aparição" (1953) e "Manhã Submersa" (1959).

Não são estes Romances que mostram o seu real valor, até porque surgem numa fase ainda inicial da sua obra.

Pessoalmente, coloco num pedestal as obras "Alegria breve" (1965) e "Para Sempre" (1983).

Guardo carinhosamente as notas a partir do Diário "Pensar" (1992), em que revela toda a sua experiência de reflexão do mundo e da escrita, com as suas metáforas sublimes: "Trabalhar um livro até à minúcia de uma palavra. E depois um leitor engolir tudo à pressa para saber «de que trata». Vale a pena requintar um vinho para se beber como um carrascão?".

As ideias fortes e desconcertantes de "Mudança" (1949): "Sentar-se à borda da vida e vê-la apenas a passar era o suicídio mais cobarde, porque mantinha a aparência de não ser suicídio".

Ou mesmo os "Contos" (1976), em que afinal descobrimos que "Então já se vê que andamos todos ao mesmo, mas cada qual com a sua especialidade".

"Em nome da terra" (1990), Amor e relações : "Porque numa relação, como sabes e se não sabes digo-to eu agora, uma relação é sempre a três, não a dois. Não somos só nós e a outra coisa, é também ela, a relação".

Mostrou também a veia ensaística, por exemplo com "Carta ao futuro" (1958): "Sobre o campo dos mortos, as searas não dão pão para os mortos, mas para os vivos".

Todos continuamos "Até ao fim" (1987), com ou sem a crença de existência de um Deus: "Se não houvesse homens, deus era um taradinho a brincar com o mundo sem ninguém. E isso não podia ser, porque Deus não pode ser um idiota. Ora o homem nasceu por acaso, podia portanto não nascer. E Deus ficou assim idiota à mesma. Logo, não existe."

Talvez fosse o escritor Português realmente digno do tal prémio.
Mas também realmente, não o recebeu, e isso é que conta. O resto são ilusões.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Louriçal342 - o filme chega ao fim!

Após mais de dois anos com trânsito a (tentar) circular de forma alternada devido à redução da Estrada Nacional 342 no Pontão de Louriçal a apenas uma faixa de rodagem transitável, a normal situação é restabelecida.
É necessário lembrar que a colocação de barreiras devido a falhas na estrutura do Pontão, por motivos de segurança, rapidamente levou ao efeito contrário.
Uma relação íntima entre Perigo, fraca visibilidade, e forte probabilidade de acidentes.
Todavia, tudo tem um fim, e este caso não é excepção.
Acabou a exclusividade a Aventureiros e a proibição a Cardíacos.
Se antes imperava a incredulidade com a demora a resolver o assunto, agora domina a estupefacção por finalmente ter sido resolvido.
Uma lição primordial: Não se pode perder a Esperança!



domingo, 1 de janeiro de 2012

Dia do País parado

A necessidade de planeamento tem uma linha garantida naquela que chamarei "Pirâmide das Necessidades Secundárias".
Para que seja possível fazer um planeamento adequado, é imprescindível associá-lo a objectivos.
Quando "entramos" num novo Ano, é muito comum estar presente a ideia de "objectivos", para o Ano que começa. Parece haver um simbolismo muito grande nesta pequena mudança, que impulsiona as pessoas de uma forma tendencialmente mais positiva, mesmo em cenários conotados como difíceis, à semelhança daquele que atravessamos actualmente.
Todavia, os objectivos e o planeamento são necessariamente aplicáveis a cada dia. Deste modo, face à minhas necessidades e urgência em tratar de alguns assuntos, saí à rua com o dia 1/1/2012 minimamente planeado.
Mas depressa me apercebi que seria impossível cumpri-lo, uma vez que me deparei com um país praticamente parado.
Indiscutivelmente, o "Dia de Ano Novo" goleia qualquer dia de Greve Geral.
Aqui vemos o poder do conjunto, e confirmamos que quando a maioria tem acções num determinado sentido, essa força reduz em grande escala (ou anula) a acção de uma minoria.
Estamos sempre condicionados pelo outro e pela sociedade que nos envolve.
Algumas pessoas gostam de dias assim. Eu não gostei.
Gosto de um País vivo, em acção, em movimento, a produzir, a construir, que não se deixe consumir pela ressaca, ou pela acomodação.