Há exactamente 96 anos, nascia o Escritor (e não só) Vergílio Ferreira. Um verdadeiro Pensador da Vida e da Cultura, intrincada na sua matriz existencialista.
Certamente, os jovens e adultos Portugueses identificá-lo-ão pelas obras "Aparição" (1953) e "Manhã Submersa" (1959).
Não são estes Romances que mostram o seu real valor, até porque surgem numa fase ainda inicial da sua obra.
Pessoalmente, coloco num pedestal as obras "Alegria breve" (1965) e "Para Sempre" (1983).
Guardo carinhosamente as notas a partir do Diário "Pensar" (1992), em que revela toda a sua experiência de reflexão do mundo e da escrita, com as suas metáforas sublimes: "Trabalhar um livro até à minúcia de uma palavra. E depois um leitor engolir tudo à pressa para saber «de que trata». Vale a pena requintar um vinho para se beber como um carrascão?".
As ideias fortes e desconcertantes de "Mudança" (1949): "Sentar-se à borda da vida e vê-la apenas a passar era o suicídio mais cobarde, porque mantinha a aparência de não ser suicídio".
Ou mesmo os "Contos" (1976), em que afinal descobrimos que "Então já se vê que andamos todos ao mesmo, mas cada qual com a sua especialidade".
"Em nome da terra" (1990), Amor e relações : "Porque numa relação, como sabes e se não sabes digo-to eu agora, uma relação é sempre a três, não a dois. Não somos só nós e a outra coisa, é também ela, a relação".
Mostrou também a veia ensaística, por exemplo com "Carta ao futuro" (1958): "Sobre o campo dos mortos, as searas não dão pão para os mortos, mas para os vivos".
Todos continuamos "Até ao fim" (1987), com ou sem a crença de existência de um Deus: "Se não houvesse homens, deus era um taradinho a brincar com o mundo sem ninguém. E isso não podia ser, porque Deus não pode ser um idiota. Ora o homem nasceu por acaso, podia portanto não nascer. E Deus ficou assim idiota à mesma. Logo, não existe."
Talvez fosse o escritor Português realmente digno do tal prémio.
Mas também realmente, não o recebeu, e isso é que conta. O resto são ilusões.
Certamente, os jovens e adultos Portugueses identificá-lo-ão pelas obras "Aparição" (1953) e "Manhã Submersa" (1959).
Não são estes Romances que mostram o seu real valor, até porque surgem numa fase ainda inicial da sua obra.
Pessoalmente, coloco num pedestal as obras "Alegria breve" (1965) e "Para Sempre" (1983).
Guardo carinhosamente as notas a partir do Diário "Pensar" (1992), em que revela toda a sua experiência de reflexão do mundo e da escrita, com as suas metáforas sublimes: "Trabalhar um livro até à minúcia de uma palavra. E depois um leitor engolir tudo à pressa para saber «de que trata». Vale a pena requintar um vinho para se beber como um carrascão?".
As ideias fortes e desconcertantes de "Mudança" (1949): "Sentar-se à borda da vida e vê-la apenas a passar era o suicídio mais cobarde, porque mantinha a aparência de não ser suicídio".
Ou mesmo os "Contos" (1976), em que afinal descobrimos que "Então já se vê que andamos todos ao mesmo, mas cada qual com a sua especialidade".
"Em nome da terra" (1990), Amor e relações : "Porque numa relação, como sabes e se não sabes digo-to eu agora, uma relação é sempre a três, não a dois. Não somos só nós e a outra coisa, é também ela, a relação".
Mostrou também a veia ensaística, por exemplo com "Carta ao futuro" (1958): "Sobre o campo dos mortos, as searas não dão pão para os mortos, mas para os vivos".
Todos continuamos "Até ao fim" (1987), com ou sem a crença de existência de um Deus: "Se não houvesse homens, deus era um taradinho a brincar com o mundo sem ninguém. E isso não podia ser, porque Deus não pode ser um idiota. Ora o homem nasceu por acaso, podia portanto não nascer. E Deus ficou assim idiota à mesma. Logo, não existe."
Talvez fosse o escritor Português realmente digno do tal prémio.
Mas também realmente, não o recebeu, e isso é que conta. O resto são ilusões.