Em primeiro lugar, é importante referir a importância que é dada à morte na nossa sociedade. Muitas pessoas vivem o dia-a-dia e não equacionam pensar ou falar sobre a morte, embora sintam que ela pode acontecer a qualquer momento. O tema morte ainda é tabu para muitos, e quando alguém fala sobre ela é comum ouvir como resposta "Não fales nisso que dá azar!". Acredito que se o tema morte fosse tratado com o mesmo à vontade que falamos da necessidade de ter uma alimentação equilibrada, do futebol ou do estado do país.
Todas as questões inerentes à morte podem variar de civilização para civilização, e apesar de haver diferenças entre o pensamento das pessoas que vivem na mesma cultura, estas são mínimas, pois nós somos muito do que a nossa sociedade nos ensina e mesmo que tentemos mudar as mentalidades, acabamos por ter muitas dúvidas. Falo por experiência pessoal, na medida em que penso que deveríamos falar mais abertamente sobre a morte, mas quando o faço não me sinto muito à vontade. Na verdade, eu gosto de viver e acredito que enquanto há vida há esperança, o que torna difícil compreender situações de suicídio, ou de pessoas que pedem insistentemente a eutanásia, acrescendo o facto de nunca ter passado por uma experiência extrema. Porém, tenho a consciência que o sofrimento que muitas pessoas têm é desumano e aí entra a dignidade humana. O que será melhor, viver dois meses com qualidade ou dois anos a sofrer? Daí que considero que a decisão deve pertencer à pessoa em causa, e quando esta já não tem sequer capacidade para decidir, deve passar pela família. Mas sempre com análise pormenorizada dos profissionais de saúde, que terão de acompanhar e fornecer informações detalhadas sobre a situação do doente e desvendar as possibilidades de recuperação ou não.
Quando um indivíduo morre, é sinónimo de muita tristeza, dor, desalento. Mas se este indivíduo ficasse a sofrer seria melhor? É extremamente complicado ter uma posição definida nestes aspectos. Se uma pessoa está em desespero e pede que a matem, muitas vezes quem está por perto sente-se inútil por não poder acabar com o sofrimento, mas por um lado a lei não permite, e por outro lado, na maioria das vezes estaria a ir contra os seus próprios valores, podendo arrepender-se muito de um acto irreflectido. Os profissionais de saúde devem ter discernimento suficiente para seguir aquele que é o seu dever e não se deixar levar pelas emoções e pela necessidade de fazer bem ao outro, porque o bem pode não ser a morte.
Eu estou completamente a favor da entanásia quando as pessoas conscientes o pedem e quando as pessoas inconscientes são vegetais.
ResponderEliminar